A vida profissional ocupa uma papel absolutamente fulcral no dia-a-dia familiar e a conciliação entre estas duas áreas é raramente pacífica. Seja pelos horários rígidos, pelo assédio moral (ou mobbing) ou mesmo pelas desesperantes situações de precariedade, um estudo recente com casais portugueses mostrou que o trabalho é percepcionado como o factor que mais tem impacto na intimidade do casal.
Em famílias com filhos, a conciliação dos papéis profissionais, parentais e conjugais pode ficar ainda mais complicada, mas a psicoterapeuta Amy Morin indica-nos algumas estratégias úteis:
5 estratégias para uma conciliação família-trabalho mais eficaz
1. Abandone o orgulho e peça ajuda
Sabe que é preciso uma aldeia para criar uma criança? Pedir ajuda pode ser uma das acções que mais retorno lhe traz em termos de uma conciliação (mais) pacífica. Sim, é preciso ter humildade para pedir, mas pense que se trata de uma troca social positiva que não só o/a ajuda naquele momento como reforça os laços sociais essenciais para o seu bem estar e até para o acompanhamento futuro do seu rebento: às terças aquele casal amigo vai buscar os seus miúdos à escola para que possa acabar aquele projecto importante e no sábado é a sua vez de ficar com os miúdos deles para que possam ir ao cinema. Resultado: pais mais felizes e crianças capazes de criar relações importantes com outros adultos na comunidade.
2. Aceite que o tempo nem sempre será dividido de forma igualitária
Um conciliação bem sucedida raramente é 50-50. Em primeiro lugar, porque a conciliação não é uma “posto” que se atinge, mas sim um certo ritmo de comportamentos que varia em tipo, intensidade e frequência. Irá haver alturas que terá que investir mais energia no trabalho do que na família. Mantenha-se flexível e paciente, avaliando regulamente a ‘temperatura’ dos seus sistemas familiar e profissional e reajustando quando achar necessário.
3. Invista em si: Não se negligencie
Está a ver porque é que nos aviões lhe dizem para pôr a sua máscara de oxigénio em primeiro lugar? Pois. É que se não cuidar de si também não vai conseguir estar bem para os outros. Sente-se culpado/a por arranjar uma hora só para si numa semana absolutamente impossível de trabalho? Então é mesmo nessa semana que essa hora só para si é mais necessária…
4. Deite fora a ideia de fazer os seus filhos SEMPRE felizes
Os pais que conseguem manter um ritmo de conciliação eficaz não vivem apenas para fazer os filhos felizes, mas sim para educar crianças que se irão transformar em adultos responsáveis e equilibrados. Estas são crianças que ouvem ‘Sim’ mas também ouvem ‘Não’, que têm as sua próprias tarefas domésticas adequadas à idade, que participam na gestão da vida doméstica e familiar activamente e que conhecem ocasionalmente sentimentos de frustração e de desapontamento. Sabem que todos têm responsabilidades e sabem que há consequências para alguns comportamentos. Apenas o sabem porque os pais cumprem as regras que estabelecem, com afecto e estrutura.
5. Liberte-se dessa culpa que carrega por ter uma vida profissional
Embora alguns pais preferissem não trabalhar a tempo inteiro, frequentemente esta não é uma opção financeiramente possível ou pessoalmente desejável. Para conseguir entrar num bom ritmo de conciliação trabalho-família, evite o auto-boicote provocado pelos constantes sentimentos de culpa: “devias estar mais com eles“, “não sou um bom pai porque trabalho demais“, etc. Em vez disso, planeie um conjunto de possíveis soluções conciliadores (horas flexíveis; ajuda de amigos; divisão de tarefas) e/ou aceite que para criar os seus filhos terá mesmo que manter um trabalho a tempo inteiro. E que isso pode ser uma coisa boa.
Mais informação:
A conciliação trabalho-família em casais de duplo emprego
Boas práticas de conciliação vida profissional e familiar: Manual para empresas
Autheticity work and change: A qualitative study of couple intimacy